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quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Acidente com Maurício Porto Alegre e as lições que ficam

Bom gente, como a maioria de vocês já sabe, o nosso amigo Porto Alegre levou uma baita queda sábado passado, enquanto escalava uma via com Zé Márcio e com Amaral. Acho muito importante falar sobre o assunto. Como introdução ao que quero dizer, coloco aqui trechos do email do Zé Márcio. Abaixo dele o meu texto.

Zé Márcio em 9 de Agosto relatando o acidente com Maurício PA:

“Sábado, quando Maurício PA estava guiando a sexta enfiada na via 'Principal', em Cachoeiro, uma agarra de pé quebrou e ele tomou uma bela vaca. Caiu uns 2 a 3m , bateu os dois pés e depois rolou mais uns tantos metros. Na hora ele pensou que havia quebrado os dois pés, mas na verdade foi só um, só que foi fratura exposta. Quebrou a tíbia e a fíbula, já perto do tornozelo.

Eu tava na seg. Travei o cara enquanto Amaral subia para dar uma primeira assistência. Dava pra ver que tava quebrado mas o sangue que saia não nos deixou ver que era uma fratura exposta.
Descemos ele até a última parada montada e improvisamos umas ataduras. Dali descemos de rapel mais uns 200m, sendo que ele não conseguia botar nenhum dos dois pés no chão. O sangramento dimunuiu mas não parou em instante algum.

Para descê-lo armamos um freio bem acima da altura de nossas cabeças e clipamos ali as fitas de auto dele e de quem iria descê-lo. Mesmo assim o peso era muito grande para colocá-lo sossegado nas costas. Eu desci uma enfiada e Amaral três.

Quando chegamos em baixo eram 3h da tarde. Ainda havia um grande trecho de mata para descer, depois um pasto e um cafezal. Improvisamos uma liteira, depois uma maca, um segurando as pernas e o outro os braços, mas nada do que fazíamos para dividir o peso se mostrou viável. Resolvemos desce-lo nas costas mesmo e novamente Amaral fez a maior parte do trajeto. Enquanto eu levava o cara uns 10m ele levava uns 50.

Chegamos nos carros já noite, lanternas acesas. O primeiro atendimento foi em Cachoeiro, uma cirurgia de emergência e internação. Hoje o transportamos para cá, uma nova cirurgia deverá ser agendada. Uns meses de molho.
Aprendemos um pouco mais."


Bom, vamos aonde quero chegar. Se naquela cordada não estivessem três escaladores muito experientes, preparados por bons cursos (inclusive de auto resgate) e por vontade própria de aprender sobre técnicas de escalada e meios de fortuna para sobreviver e salvar seus amigos na montanha, os três poderiam estar mortos agora.

Muitos escaladores com certeza não saberiam remover o Porto Alegre. Se o deixassem lá e fossem atrás de ajuda, poderia não haver tempo de salvá-lo, devido à hemorragia. Tentando descê-lo correriam enorme risco de despencarem todos, por falta de conhecimento e pela exaustão física e mental num momento como aquele. Foram 7 horas do momento do acidente até a chegada na civilização. Isso com três escaladores experientes, como já disse, e bem preparados fisicamente.

Vamos colocar isso na nossa realidade:
Imaginem que sou eu pendurado de cabeça pra baixo 40 metros acima de vocês, 200 metros acima da base da rocha, com as duas pernas muito machucadas, uma delas com fratura exposta, com uma dor insuportável e com hemorragia. Difícil situação não é mesmo?

Mas isso ainda não é nada, o pior mesmo é ter que trazer o ferido até a base onde vocês estariam e depois ter mais 5 enfiadas de rapel pra fazer com um cara nas costas nessas condições. O cara não devia estar suportando o vento batendo nas pernas, imagina colocá-las na rocha!? Foi preciso muito conhecimento e preparo físico para conseguir fazer as 5 enfiadas de rapel. Será que teríamos? Felizmente, eles tiveram.

Passando por essa fase, ainda assim haveria uma caminhada cheia de obstáculos no meio do mato para ser rompida à noite. E sempre carregando esse cara ferido com seus 70 Kg (ou mais), com muita dor e hemorragia. Vocês já estariam com ele nas costas há muitas horas e poderia haver muitas outras pela frente. Será que daria tempo? Aqueles caras fizeram esse salvamento em 7 horas.

Por isso digo e repito: devemos aprender mais, sempre mais. Devemos aprender mais e nos preparar melhor, física e mentalmente. Devemos buscar isso sempre, todos nós. Não posso deixar de dizer também, que se lá estivessem três hiper, super, mega atletas, mas com pouco conhecimento, certamente eles ficariam dando murro em ponta de faca até a exaustão absoluta e de nada valeria tanto preparo e força. Eles poderiam também despencar os 200 metros e os seus músculos tão poderosos também virariam mingau. É bom ter preparo físico sim, mas só isso não vale de absolutamente nada.

Algo que também me preocupa muito é a vulgarização da escalada. A escalada não pode ser tratada como o surf por exemplo. Imaginem só escaladores inexperientes num chama, chama as menininhas e amigos para escalar, como quem vai surfar ou andar de bike? Na minha opinião, o escalador de verdade corre atrás da escalada e de conhecimento, o resto é firula ao som de: “Uhul radical”. A evolução no nosso esporte não é fruto do crescimento no numero de escaladores e sim da qualidade dos esaladores existentes e também dos novatos. A busca por evolução vem de cada escalador. O escalador de verdade corre atrás do esporte, não tem que ser chamado, no máximo recebido pelos mais experientes.

Por fim, digo que, na medida do possível o Porto Alegre está bem. Com um monte de pinos enfiados na perna, com cirurgias e muita fisioterapia pela frente. E vai ficar longe das rochas por um bom tempo. Mas está feliz, mesmo estropiado num hospital. Está feliz e tem muitos motivos para estar, pois ele sabe que poderia ter sido bem diferente. Ele sabe o quanto vale o conhecimento em nosso esporte. Vale a vida.

Maurício Sartori (Porto Alegre) por telefone:

"Cara, quando pude ver as luzes das casas rurais eu pensei: Estou salvo"

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9 Comentários:

Às 15 de agosto de 2010 às 06:54 , Blogger Unknown disse...

Muitas vezes ouvimos falar de acidentes com pessoas que não conhecemos e quando isso acontece com um escalador que conhecemos, talvez só neste momento muitos se dão conta o quanto é importante o preparo técnico e físico para escalar. Na escalada devemos estar sempre em aprendizado e tentando fazer as coisas certas. Breno o seu texto me faz mais que relfetir e sim repensar atitudes na escalada. Valeu.

 
Às 15 de agosto de 2010 às 08:48 , Blogger bonna, generval v. disse...

grande verdade. a proximidade dos acontecimentos nos faz reavaliar nossas atitudes mesmo.

 
Às 15 de agosto de 2010 às 08:52 , Blogger Breno Salaroli disse...

Muito obrigado pelo comentário querida.

Pois é, quando li o email do Zé levei um tapa, puts, três amigos nessa situação, gente que volta e meia tá escalando com você. Sabemos que isso pode acontecer comigo, com você e com qualquer um, mas essa proximidade realmente faz a ficha cair bem direitinho.

 
Às 15 de agosto de 2010 às 08:56 , Blogger Breno Salaroli disse...

"Querida" a quem me refiro é a Lucia viu gente rsrsrs... nada pessoal Bonna.

 
Às 15 de agosto de 2010 às 08:58 , Blogger bonna, generval v. disse...

sem problemas, queridão! não me magoou! ahahahaha

 
Às 15 de agosto de 2010 às 19:05 , Blogger Breno Salaroli disse...

Ui

 
Às 16 de agosto de 2010 às 16:43 , Blogger Yarinha disse...

ahuahua povo bobo!!!
mas Breno mandou bem mesmo no post!

 
Às 2 de março de 2011 às 13:03 , Blogger Unknown disse...

Bruno,estava na internet,procurando uma pessoa importante para mim,e localizei este nome Mauricio PA,pois precisaria saber se este Mauricio PA se chama Mauricio Sartori,pois estou tentando localiza-lo devido a termos sido companheiros no escotismo em porto alegre nos anos 90,apenas sabia que ele havia se mudado para vitória,mais nenhuma informação,se puder me ajudar a localizar o meu Maurico Sartori se for este que se acidentou agradeço.
Daiala Doebber
email daiala.doebber@tol12.com
facebook daiala doebber castanho

 
Às 11 de março de 2013 às 13:26 , Blogger Breno Salaroli disse...

O Porto Alegre voltou a escalar esse fim de semana! Que bom!!!

 

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